
Para se ter uma ideia da imensa quantidade de informações que
atualmente temos à disposição, uma pesquisa realizada pela Global
Information Center da Universidade de San Diego, nos EUA, aponta
que em 2008 cada americano consumiu cerca de 34 GB de
informação por dia, o que equivale a assistir a 68 longa-metragens
com definição de uma televisão comum ou ler 34 mil livros de cerca
de 200 páginas num período de apenas 24 horas. A pesquisa engloba
desde os métodos de informação, digamos, tradicionais, como
programas de TV, jornais e revistas impressos, até blogs, mensagens
de celulares e jogos de videogame. De acordo com essa mesma
pesquisa, o tempo que utilizamos nos informando passou de 7,4 horas,
em 1960, para 11,8 horas, em 2008. É muita coisa.
Afinal, o que a web está fazendo conosco? Essa é a reflexão que o
americano Nicholas Carr, um dos mais polêmicos pensadores da era
digital, propõe em seu último livro, The Shallows: What Internet is Doing to Our Brains
(Os rasos: o que a internet está fazendo com o nosso cérebro, ainda sem edição em português), lançado nos Estados Unidos no mês passado. “Estudos mostram que, quando estamos conectados, entramos em um ambiente que promove a leitura apressada, pensamento corrido,
distraído e aprendizado superficial”, diz. Carr também é autor do best-seller A Grande
Mudança, sobre as transformações sociais na era digital, e
colaborador assíduo do jornal
New York Times e da revista Wired, entre outras publicações.
“Em resumo, ler na internet
está nos deixando mais rasos e com menor capacidade de pensamento crítico”, afirma.
# Distração contínua
Foi estimulado por uma questão semelhante à de Carr que
o psiquiatra Gary Small, da Universidade da Califórnia, fez,
em 2008, o primeiro experimento que mostrou cérebros
mudando em resposta a estímulos da internet. O pesquisador
monitorou um grupo de internautas por ressonância magnética
enquanto realizava buscas no Google.
Descobriu que os mais experientes apresentavam uma atividade cerebral
muito maior. Após o grupo de novatos ter sido colocado
por uma semana para treinar as buscas na web, também passou
a apresentar atividade semelhante à verificada nos experientes,
o que sugere a formação de conexões neuronais. Isso
não é necessariamente bom, apontou Small. A atividade desde
aumentada se concentrou na área do cérebro associada
à tomata de decisões, o que pode estar sobrecarregando nossas mentes.
Faz sentido: quando lemos um texto na web, temos de decidir se
clicamos ou não clicamos toda vez que aparece um link pela
frente. Não se trata de uma ação bem-vinda quando se busca
a compreensão de uma informação. A pesquisadora Erping Zhu,
da universidade de Michigan, notou isso quando colocou pessoas
para ler o mesmo texto no computador, com e sem hiperlinks. Quanto
mais hiperlinks, mais baixas foram as notas dos leitos no teste de
compreensão aplicado ao fim da experiência.
# Memória interrompida
"Assim que entro na web, começo a abrir uma janela atrás da outra.
Todos os assuntos parecem me interessar, mas sinto que meu
cerébro não consegue guardar tanta coisa", diz a jornalista
Lisbeth Assis, de 24anos. "E quando o programa fecha, e eu não
consegui salvar todas aquelas informações, me bate o desespero
de estar perdendo algo muito importate." A aflição de Lisbeth, que
relata a confusão mental de quando está online, é consequência
de a internet ser um "ecossistema de interrupção", como descreve
Cory Doctorow, co-editor do blog de cultura geek Boing Boing.
Um estudo da Universidade de Glasgow, na Escócia, divulgado
em 2007, mostrou que pessoas que trabalham em escritório checam
seus e-mails, em média, de 30 a 40 vezes por hora (embora metade
delas tenha respondido que olha apenas "mais de uma vez por hora").
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1 comentários
Matéria muito interessante, gostei do blog, vi que está no começo mas se continuar assim, vou vim sempre ler suas postagens.